Produzido por Koji Igarashi, o mesmo de Castlevania: Lament of Innocence, Nanobreaker é um jogo de ação com combates no mesmo estilo da famosa série de vampiros e, em alguns aspectos, seu superior. Com uma mecânica de jogo bastante dinâmica, o game acerta onde Lament of Innocence falhou: combates emocionantes e ininterruptos.
O enredo fala de uma ilha experimental de nanomáquinas - robôs microscópicos que vivem no corpo das pessoas. Mas por conta de uma falha do computador central, elas se rebelaram e tomam todo o lugar. Essas pequenas máquinas são capazes de se autoreplicar usando o ferro existente na corrente sanguínea dos humanos. Não é preciso dizer que toda a população do local foi dizimada - e de forma dolorosa - e é apenas uma questão de tempo para as microscópicas criaturas artificiais se espalharem pelo mundo.
De cara, o jogo já chama atenção pelo impacto visual, com a tela repleta de muito líquido vermelho que parece sangue. Nanobreaker deixa claro que isso é o petróleo usado pelas nanomáquinas, e é possível até mudar sua cor nas opções... mas o simples fato dela soltar enormes power-ups na forma de hemoglobina não ajudam a disfarçar muito a intenção original. Os milhares de litros coletados servem de experiência para o protagonista.
Batendo de tudo quanto é jeito
Como dito, o aspecto principal de Nanobreaker são os combates. O seu personagem, Jake Warren, um militar ciborgue, é capaz de fazer as mais malucas seqüências de golpes, tão cheias de estilo quanto as de Dante, de Devil May Cry.
Mas no caso desse game, nem todos os combos podem ser feitos desde o início. Para abrir mais golpes, é necessário pegar chips especiais, que são colocados numa tela de combos, onde todas as combinações podem ser vistas. Cada um dos slots de chips tem uma cor determinada e somente as peças de mesma matiz podem ser encaixadas neles. Existem seis tipo deles ao todo, e podem ser colocados e retirados quando bem entender, conforme sua necessidade.
Dependendo do combo a espada de plasma do herói pode adquirir, temporiamente, outras formas e usos, como machados, lanças e martelos. Por exemplo, a foice corta os inimigos na horizontal; o machado, na vertical; e o martelo simplesmente esmaga quem estiver pelo caminho. Sabe fatiar, afastar e matar inimigos diferentes nas horas certas pode significar a diferença entre ver o fim do jogo ou terminá-lo prematuramente.
O sistema de controle é de fácil compreensão e contempla jogadores de todos os níveis. Jogadores contam com golpes verticais, horizontais (além de um chicote que busca os inimigos até você), que permitem quatro escolas de combos. Quem se embanana com combinações complicadas, pode alocar os chips para fazer combos mais simples, mas de menor poder destrutivo. Naturalmente, as seqüências mais vistosas necessitam de combinações mais complexas, mas que são compensadas pelos altos danos causados aos oponentes. Certos efeitos só podem ser usados quando o personagem desabilita seu limitar (traduzindo, abre suas asas brilhantes depois de massacrar grandes hordas).
Os golpes verticais e horizontais podem ganhar variações com uma tecla modificadora (mapeada, por padrão, junto com a defesa para R1). Isso faz com que certos combos necessitem que você aperte e solte esse modificador para cada golpe - uma possibilidade empolgante para o público hardcore, mas bastante intimidador para os menos experientes.
Imitando os Belmonts
Ao menos um truque Igarashi parece ter se inspirado em Castlevania. Jake também pode esticar sua espada de plasma e puxar inimigos que estejam mais longe. E, como se não bastasse, com um timing correto, ele pode fatiar instantaneamente a criatura durante esse movimento, como nos golpes especiais de Onimusha
Como mencionado acima, o petróleo vermelho arrancado dos inimigos oferece recompensas, aumentando energia e a barra de especial do protagonista, intitulada Booster.
O Booster funciona de maneira semelhante às magias de outros jogos, podendo inclusive ficar mais poderosas com o uso repetido. Ela também é movida pelo petróleo retirados dos pobres oponentes robóticos.
Inimigo oculto
Alguns problemas fazem com que Nanobreaker deixe de ser um excelente game. Primeiro, apesar da variação de golpes, a monotonia se faz presente em determinados momentos.
E - isso não é novo - o posicionamento da câmera, em alguns momentos costuma desorientar o jogador. Nos cantos, a visão passa a ser de cima, impedindo qualquer tentativa de enxergar os inimigos a sua frente - e o controle vertical dela é quase inexistente. Além disso, ela se posiciona de frente para o personagem, também dificultando avistar os perigos. É verdade que é possível controlar a visão, mas não é muito confortável comandar a câmera ao mesmo tempo em que luta contra uma legião de criaturas.
Outro ponto falho são os elementos de plataforma, visto que o pulo é um tanto limitado para os padrões de hoje. O controle para alterar a trajetória do pulo beira ao inexistente, e seu movimento é rápido e impreciso. Isso pode frustrar alguns jogadores visto que a tela é em 3D e, dependendo do local, muito difícil de destinguir a relação espacial entre os objetos. E em algumas dessas fases - nas quais o erro de um pulo consome muita energia - nem é possível mexer na câmera.
Tela escarlate
Os gráficos de Nanobreaker não são nenhuma maravilha, mas rodam com bastante leveza na maior parte do tempo... o problema é que quanto a taxa de quadros cai, ela despenca quase para uma câmera lenta. O líquido vermelho que vaza dos robôs dá uma sensação de massacre e causa um bom impacto dramático e visual, apesar de ficar cansativo depois de um tempo. Os chefes são enormes, mas faltou criatividade em alguns deles.
O som não tem muita personalidade, apenas segue um padrão de qualidade mínimo da Konami. Ela tenta seguir a mesma linha dos jogos de vampiro do criador - mas são rapidamente esquecidas.
Nanobreaker é um jogo para quem gosta de combates de espadas, e não quer perder muito tempo com partes de aventura, mapas e quebra-cabeças. Mesmo quem não consegue fazer os combos mais complicados pode se virar com os mais fáceis. Apesar de simples, o jogo traz o essencial para garantir diversão.